sexta-feira, 6 de junho de 2014

Fordlândia

       O fordismo no Brasil não concretizou-se plenamente. Há uma implementação parcial, pois o país não tinha condições sociais e técnicas para que a organização do processo de trabalho fordista se instaurasse de forma plena. Ficou restrito a determinadas regiões, como na Fordlândia e em algumas empresas em São Paulo.       
       A Fordlândia é uma cidade idealizada por Ford e construída na Amazônia, a fim de constituir uma plantação de seringueiras para a produção de borracha.O Documentário Fordlândia(2008), dirigido por Marinho Andrade e Daniel Augusto, retrata os anseios de Henry Ford em construí-la e a história da mesma. Nele contém relatos de alguns de seus moradores atuais que viveram na época, além de dois gêmeos estrangeiros, Charles e Ed Townsend que ali nasceram e viveram durante doze anos e voltaram para visitar o local, o último deles trazendo também sua família para conhecer. O Documentário contém também relatos de jornalistas e historiadores que auxiliam para retratar a história da Fordlândia.
       Em 1928,  Henry Ford era dono da Maior indústria do mundo, a Ford Motors Company. A linha de produção ficou conhecida como fordismo, que caracterizava uma produção em grande quantidade, de maneira mais rápida e de menor custo possível.
       Os carros da Companhia de Ford necessitavam de pneus, lógico, e também outras peças feitas de borracha. Para a produção de pneus, entretanto, a linha de produção necessitava de uma enorme quantidade de matéria -prima. O que ocorria era que, na época, os ingleses detinham o monopólio da produção de látex, matéria-prima usada na fabricação dos pneus. Dessa forma controlavam seu preço, fazendo cair os lucros de Ford.
       Henry, tentando fugir do monopólio inglês, quis plantar suas próprias árvores de seringueiras no Brasil. Então, ele idealiza uma cidade americana para ser instalada na Amazônia : a Fordlândia. Para isso, embarcou uma cidade inteira em dois navios.
       Conforme relatado no Documentário, a Fordlândia foi uma sucessão de fracassos. Começou com a área escolhida. Sabendo do interesse americano por terras amazônicas, o cafeicultor Jorge Dumont Villares pediu concessões de terra ao governo do Pará, e adquiriu um milhão de hectares. Assim, quando o governo americano, juntamento com Ford enviou uma equipe de estudo para vir selecionar a área, Villares mostrou seus próprios terrenos. Ford pagou o equivalente a dois milhões e meio de reais atualmente ao cafeicultor por uma área gigantesca na margem direita do Tapajós. A Fordlândia nasceu de um golpe dado pelo brasileiro. Além disso, o local não era próprio para a plantação de seringueiras.
       Havia muitas diferenças culturais entre americanos e brasileiros, por exemplo: vestuário,alimentação, crenças, valores, entre outros. Os conflitos apareceriam com o tempo. 
       O mais importante deles ocorreu em 1930, e ficou conhecido como "quebra-panelas". Os operários eram submetidos a uma dieta única, a mesma implantada na fábrica dos EUA. A questão era que os brasileiro tinham hábitos anteriores, que não eram considerados por Ford, como a caça e as plantações de mandioca, por exemplo. Isso gerou uma rebelião.
       Para entrar na Companhia, os operários passavam por rigoroso processo de seleção médica e policial. Moradores da região contam que existia uma sirene que marcava os turnos de trabalho. O horário era rígido.
       O surgimento de um fungo, o mal-das-folhas, destruiu toda a plantação de Henry. O que aconteceu é que, desconhecendo as características da região, os americanos implementaram a monocultura de seringueiras, o que favorece o surgimento do fungo. Explica-se no Documentário que a a seringueira, na Amazônia, só pode existir em condições naturais, dentro de uma grande diversidade de espécies florestais. Plantadas a uma distância muito pequena, como foi feito, foram atacadas pelo mal-das-folhas,que exterminou com as seringueiras.
       Apesar do fracasso, foi construída uma segunda cidade, Belterra. Lá, o terreno era melhor drenado e com condições desfavoráveis ao surgimento do mal-das-folhas. As mudas eram trazidas do antigo Ceilão. Ainda assim, a produção era baixa. A maior produtividade de látex local não abasteceria nenhum dia das necessidades da fábrica de Detroit.
       Dessa foma, em 1945, os americanos abandonaram o local. Devolveram a terra e deixaram parte de seus pertences. Ao todo, a Ford Company teve um prejuízo de 100 milhões de dólares em valores atuais.
       Fator interessante do Documentário é que além de retratar a história do local, mostra como ele está atualmente. Hoje, ainda pode se encontrar resquícios de uma enorme infra-estrutura composta por hospital, escola, fábrica, igreja, vilas. Restam vestígios de uma era.
          

 Documentário Fordlândia (2008) : https://www.youtube.com/watch?v=x2SpGRuwqA4 



                                                                                              Por Franciele Flach

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